Há impressões que nos ficam. Coisas que se tatuam em nós sem
que disso tenhamos acordo ou nisso tenhamos consentido. Como esta música da
Vanessa da Mata. Há cinco anos atrás passava repetidamente na rádio e acabou
por ser a banda sonora quase perfeita daquele verão que se abria em promessa e,
ao mesmo tempo, escondia maquiavélico um volte-face que me tem presa, desde então,
em estado de espanto.
Cinco anos depois voltam a incluir-me na equipa do “Regresso
às Aulas” e para além da natural resistência de quem constata que apesar da
experiência adquirida ao longo de seis anos a tendência é para fazer pior e da
pior maneira possível tenho a resistência muito pessoal de regressar a um “local”
onde a contagem decrescente que, naturalmente, faço todos os anos ganha
contornos mais precisos. Foi ali que ela se iniciou. E ainda que negando até ao
fim a possibilidade do que haveria de acontecer foi ali que primeiro tive esse
pressentimento.
Não admira portanto que raios e coriscos estejam previstos
nos próximos tempos. Mas esses mais por causa do modus “idiotus” operandis da
campanha do que propriamente pelas reminiscências deste período. Com essas lido
quase todos os dias e já se tornaram uma segunda pele. O resto já é outra história
e o pior é que a Vanessa da Mata nem por isso passa na rádio.