Fragmentos. Pedaços de imagens. Ecos longínquos de
sons em surdina. Indecifráveis. A memória ainda em negação incapaz de contar a
história do principio ao fim. A não ser capaz de virar a página no momento em
que o teu corpo se revela acrescentado de tubos. Os meus passos a repetirem-se
ao longo de corredores escuros a cheirarem a desinfectante. O meu corpo a
acordar no espanto desconfortável de um sofá de sala de espera. Lá fora o
movimento ininterrupto das ambulâncias. Outras dores. Ainda estou longe da minha mas já a pressinto. E porque a pressinto, congelo o momento em que me estilhaço e fico para sempre prisioneira dele.
Susan Sontag
Há 10 anos