Era das histórias que se contavam lá por casa quando era miúda. Do dia em que, ouvindo na rádio, se ficou a saber em Angola que havia revolução na Metrópole. Eu ainda não existia. Haveria de me concretizar meses depois e quase nascer lá, não tivesse a minha mãe, no termino da gravidez, sido resgatada pela ponte aérea.
Não me imagino a viver num País onde não tivesse acontecido a nossa revolução, muito menos num País com uma guerra interminável mas - ainda que cada vez menos - de vez em quando ainda me pergunto como teria sido a nossa vida se as coisas, com revolução e armistício, tivessem sido diferentes.