As pessoas que trabalham comigo têm-me em conta de
paciente, ponderada e de trato fácil. Dizem-me que mais depressa acaba o mundo
do que eu “perco a cabeça e parto a loiça toda”. Por isso, ontem, ao ter
passado – literalmente - o dia todo a resmungar porque, basicamente, tive de
desfazer uma porcaria de trabalho feito por ordem de alguém que ganha o
suficiente para ter mais juízo, desafiei as leis do universo e chateei a
moleirinha a toda a gente. Tanto que até eu me cansei de me ouvir... e logo eu, que nem por isso sou de muitas
falas.
Trabalhar com muitas mulheres é complicado
por todas as razões óbvias, instituídas, assumidas, erradamente presumidas e
todas aquelas que ainda não foram apontadas; mas trabalhar com muitos homens
também não é fácil. Em certos aspectos é pior. Sobretudo quando cada um deles
acha que mija mais longe do que o outro e que é mais inteligente do que o outro
e mais assertivo do que o outro e com mais autoridade do que todos. Era
manda-los medir e comparar as pilinhas para ver se deixavam as pessoas
trabalhar sossegadas.
Se há coisas que me irritam uma delas é a das
pessoas acharem que por serem hierarquicamente superiores são automaticamente mais
inteligentes. Não são. Não são! E não são porque insistem no erro de não
escutarem as equipas – que são quem, grosso modo, está por dentro da dinâmica do
trabalho – e imporem as suas vontades. Que mais tarde ou mais cedo se revelam
erradas e implicam perda de tempo e energia para toda a gente.