Só corridos à estalada. . .

6 de setembro de 2013

Quem trabalha com o “grande público” acaba por tomar contacto com uma amostra bastante significativa da população de um País. Em termos estatísticos é possível obter, ainda que de forma muito pouco cientifica, uma ideia daquilo que somos e da forma como os comportamentos individuais influem no nosso destino colectivo.

Ao trabalhamos com outras instituições verificamos também que existe um efeito dominó com contornos de desgraça que está enraizado na forma como fazemos as coisas. Não as fazemos bem logo desde o inicio e contamos que seja sempre o próximo na cadeia alimentar a resolver os problemas que tiveram origem nas nossas decisões – ou falta delas.

Quando se fala em crise de valores existe efectivamente uma crise de valores. E os nossos problemas, obviamente económicos, agravam-se - se é que não têm origem - na forma como achamos que podemos seguir pela vida impunes, reclamando direitos imaginários e recusando cumprir deveres básicos, basilares, essenciais ao correcto e justo funcionamento das sociedades.

Nestes últimos dias os meus colegas e eu temos ouvido coisas assustadoras, de tão absurdas, da parte de alguns clientes. E porque as “pérolas de sabedoria” têm surgido de todo o lado não se pode imputar apenas a um grupo social a culpa por todos os males. A falta de bom senso é transversal a toda a sociedade; tão estúpido é o pobre como o rico. E é assustador.

É assustador porque, na maior parte do tempo, sinto que “estamos entregues aos bichos” e que resistir - tentando ser coerente, correcto, bom cidadão e bom trabalhador – cada vez mais parece não valer a pena.

Anda me indigno muito e acho que é essa capacidade para ainda me indignar que me tem permitido não perder a perspectiva daquilo que é correcto e daquilo que está errado;  mas temo que um dia as coisas deixem de me ser assim tão importantes e eu faça como os outros e apenas encolha os ombros e siga no meio do rebanho. E no meio de tudo o que assusta é isso o que temo mais: deixar de me importar..


... porque às vezes dá mesmo vontade... 

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