Subtexto

18 de março de 2014


Depois de muito ter lido sobre o Frozen, tanto opiniões que o defendem como o filme mais gay da Disney como aquelas que o acusam de tentar "homossexualizar" as crianças, ontem vi o filme. E... ok... é muito giro, sim... mas nem por isso assim tão ''gay evident'' ou potencialmente diabólico. É, isso sim, à semelhança de Brave, um dos filmes mais feministas da Disney. 

Se alguma coisa transpira das suas entrelinhas é que as Princesas da Disney se estão a libertar das amarras de uma sociedade patriarcal e já não precisam do ''happy ever after'' ao lado do Príncipe Encantado. Deixaram de ser frágeis e valem por elas mesmas. O filme transmite uma mensagem que é universal daí que cada um veja o que quer e que melhor lhe encaixa; é um filme que, mais do que ter um subtexto, permite muitas leituras... e todas são válidas. Menos a diabólica, claro...

Mais do que o coming out da Rainha de Gelo como personagem gay o filme acompanha o coming out da Rainha como mulher. Como uma mulher que descobre que não tem porque seguir as regras estipuladas - e que a encarceram entre os limites da moral e dos bons costumes - quando pode ditar as suas próprias leis e continuar, apesar disso, a ser amada e respeitada. A Disney hasteia com esta personagem e com este filme a bandeira da emancipação feminina e ao não se fazer esta leitura - tão expressa a olho nu - então o essencial ficou por entender. 

O problema com o subtexto é que, grosso modo, não existe; uma Rainha só não é sinónimo de uma Rainha gay, não é isso que uma menina vai entender quando vir o filme e em abono da verdade essa leitura é um pouco redutora. O que as crianças vão entender e é esta a mensagem que importa transmitir e perceber, é que não devem temer o que as torna diferentes e que devem ter orgulho em serem como são. Que nem sempre têm de se moldar ao que está imposto e que têm o direito de expressarem todo o seu potencial. Porque só o fazendo poderão encontrar o seu lugar no mundo. 

Em última instância, Frozen é - também - um filme contra o bullying. Mas é, sobretudo, um filme sobre o ''woman power''. A Disney reconhece que uma mulher pode ser Rainha sozinha sem que, para isso, tenha de ser má ou tenha de manifestar o seu poder com base nos modelos masculinos.

Quanto a mim, mereceu o Oscar.

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