O dia dos namorad@s não nos diz muito mas, de
vez em quando, lá nos lembramos da data e lá nos propomos a fazer qualquer
coisa. Como vou estar a trabalhar no dia em questão antecipámos a comemoração e
fomos ontem ao Teatro. Já não íamos ver uma peça há muito tempo e logo
percebemos a falta que nos fazia. E como é belo, sempre belo.
Fomos ver “Gata em Telhado de Zinco Quente”
do Tennessee Williams pelos Artistas Unidos. Adorámos! A peça, ao contrário do
filme, não foge ao seu desígnio e persegue afincadamente o tema da
homossexualidade, encurralando as personagens até que, quase em grito, elas
enfrentam a provocação e a suspeita e expressam amor enquanto se afogam na sua
própria culpa. E na bebida. E no desespero. E no vazio. E na mentira. Num ciclo
que não se quebra apenas porque, por breves momentos, houve um lampejo de
honestidade.
Não é um texto com final feliz. É um texto
com o final possível, vago e constrangedor. Talvez, por isso, mais verdadeiro
do que qualquer outro desenlace. Assim... meio sem sal, como às vezes a vida.