Sobre os blogs

22 de abril de 2013


... e a propósito deste post


Quando me questionei pela primeira vez sobre se não andaria a investir o meu tempo na equipa errada descobri que os sinais tinham sido absolutamente óbvios mas que, por falta de referências, me tinham passado ao lado.

Na altura pairava sobre as relações – ou sobre o que com elas se asselhava  – como espectadora de mim própria, dando-me conta de que representava um papel mais do que o vivia e que, ainda que não por culpa deles, o meu desinteresse súbito e inexplicável na pessoa,  assim que se cumpriam os jogos de sedução,  era o meu padrão de comportamento.

Reconhecendo esse padrão  assumia a existência de um problema e reconhecia que havia algo em mim que nem por isso funcionava muito bem. Reafirmo que a culpa não era deles. Não era. Na verdade não era culpa de ninguém. Se tanto, apenas da minha imensa distracção.

Ao ter começado a prestar atenção descobri um mundo novo, pleno de possibilidades; absolutamente desconhecido e de certa forma assustador. Ali estava eu com outra consciência de mim, a iniciar o processo de reescrever parte da minha identidade e absolutamente ignorante.

Os blogs, na sua época áurea – antes que o facebook tivesse “silenciado” tantas vozes - foram determinantes na construção dessa nova identidade.  Li muito. Aprendi muito. Descobri que a minha imensa distracção não era só minha mas de mais gente e que a coragem não chega de ânimo leve e dói.

Não considero que me tenha descoberto tarde demais. Descobri-me na altura certa. Olhando para trás nada nem ninguém foi tempo perdido. Tudo foi parte de um processo de aprendizagem que me enriqueceu e permitiu que, sem violência, serenada, pudesse aceitar a minha verdadeira natureza e pudesse olhar para ela como um previlégio.

Tudo isto teria sido um pouco mais complicado se não tivesse existido a experiência dos outr@s para comparar a minha e para compreender a minha. Se na experiência dos outr@s não tivesse encontrado as referências que ao longo da vida me faltaram e se na experiência dos outr@ não tivesse encontrado motivos para me orgulhar da minha. E de mim. 

Um pouco por conta dessa boa experiência e muito por cansaço da informação pronta a comer - de que só se digere 1/3 - do facebook regressei aos blogs. Aqui há mais tempo. Há mais sentido, mais conteúdo. E mais o sentido de comunidade. É quase como regressar a casa. E se, de alguma forma, a minha experiência, aliada à vossa experiência, puder ajudar outros no caminho da descoberta e da compreensão, então está servido o propósito da reciprocidade. 

This entry was posted on 22 de abril de 2013 and is filed under ,,. You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0. You can leave a response.

2 Responses to “Sobre os blogs”