Confesso que, depois de durante quase 8 anos
ter visto a Leya produzir lixo e ter visto as livrarias – a minha incluída - tão cheias de nada, me apazigua um pouco esta
migração que tem vindo a ocorrer de alguns bons autores para outras boas
editoras. Também me apazigua verificar que ultimamente, apesar de tudo, se tem
notado uma melhor escolha nas opções editoriais e que o mercado tem recebido
livros e autores com um pouco mais de qualidade. Mais me apazigua reconhecer que ao contrário
do que muitos profetizavam e do que eu temia, as pequenas editoras não só
conseguiram sobreviver como se impuseram como alternativa aos blockbusters
editoriais. A Tinta da China, a Relógio D’Água e sim, a Quetzal – apesar do
Francisco José Viegas que merecia todo um post menos abonatório - são, de
todas, alguns dos melhores exemplos. Alguns dos melhores livros que li na
última década chegaram-me pelas suas chancelas.
Claro que não quero que a Leya colapse, até
porque isso significaria a ruína das editoras que fazem parte do grupo mas já
ficava contente se a Leya voltasse a funcionar como um grupo editorial e
cumprisse aí os requesitos mínimos e, por exemplo, ao invés de deixar esgotar
os livros do Plano Nacional de Leitura antecipasse as necessidades do mercado.
É que as escolas nem por isso alteram muitos os programas de ano para ano... o
que significa que não há outra ciência a pôr em prática para além da de se
estar preparado...
Com a Leya a resvalar, a Porto Editora está a transformar-se no
grande elefante editorial português e tem vindo a assimilar de forma cada vez
menos discreta os bons autores. Não me admirava se Saramago fosse o próximo. Claro que existe sempre o risco de a montanha
parir um rato mas a verdade é que quando olhamos para este grupo vemos também
uma família que sempre se dedicou aos livros e que os conhece como ninguém e
que, sobretudo – sobretudo – os respeita;
por isso, aquilo que podemos esperar é
que estejam e fiquem em boas mãos.
Como livreira e como leitora o que quero é
que exista uma convivência salutar entre grandes e pequenas editoras. Há espaço
para todos e para tudo, até para a má literatura que, nem por isso, deve ser
excomungada. Mas acima de tudo, confesso, tenho saudades dos tempos em que
abrir uma caixa de livros depreendia sempre que alguém dissesse “uau!”.
Oh, caixas cheias de livros com aquele cheirinho característico... Happy days. :D
ResponderEliminar:) Todos direitinhos e bonitinhos... é uma delicia.
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