Migrações

24 de janeiro de 2014

Confesso que, depois de durante quase 8 anos ter visto a Leya produzir lixo e ter visto  as livrarias – a minha incluída -  tão cheias de nada, me apazigua um pouco esta migração que tem vindo a ocorrer de alguns bons autores para outras boas editoras. Também me apazigua verificar que ultimamente, apesar de tudo, se tem notado uma melhor escolha nas opções editoriais e que o mercado tem recebido livros e autores com um pouco mais de qualidade.  Mais me apazigua reconhecer que ao contrário do que muitos profetizavam e do que eu temia, as pequenas editoras não só conseguiram sobreviver como se impuseram como alternativa aos blockbusters editoriais. A Tinta da China, a Relógio D’Água e sim, a Quetzal – apesar do Francisco José Viegas que merecia todo um post menos abonatório - são, de todas, alguns dos melhores exemplos. Alguns dos melhores livros que li na última década chegaram-me pelas suas chancelas.

Claro que não quero que a Leya colapse, até porque isso significaria a ruína das editoras que fazem parte do grupo mas já ficava contente se a Leya voltasse a funcionar como um grupo editorial e cumprisse aí os requesitos mínimos e, por exemplo, ao invés de deixar esgotar os livros do Plano Nacional de Leitura antecipasse as necessidades do mercado. É que as escolas nem por isso alteram muitos os programas de ano para ano... o que significa que não há outra ciência a pôr em prática para além da de se estar preparado...

Com a Leya a resvalar,  a Porto Editora está a transformar-se no grande elefante editorial português e tem vindo a assimilar de forma cada vez menos discreta os bons autores. Não me admirava se Saramago fosse o próximo.  Claro que existe sempre o risco de a montanha parir um rato mas a verdade é que quando olhamos para este grupo vemos também uma família que sempre se dedicou aos livros e que os conhece como ninguém e que, sobretudo – sobretudo – os respeita;  por isso, aquilo que podemos esperar é que estejam e fiquem em boas mãos.

Como livreira e como leitora o que quero é que exista uma convivência salutar entre grandes e pequenas editoras. Há espaço para todos e para tudo, até para a má literatura que, nem por isso, deve ser excomungada. Mas acima de tudo, confesso, tenho saudades dos tempos em que abrir uma caixa de livros depreendia sempre que alguém dissesse  “uau!”.

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2 Responses to “Migrações”

  1. Oh, caixas cheias de livros com aquele cheirinho característico... Happy days. :D

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