O Livreiro como potencial homicida. . .

18 de julho de 2013

Fazer uma reserva de livros escolares obedece a regras muitos simples. O encarregado de educação traz a lista dos livros que precisa, preenche uma ficha onde indica qual é o nome do aluno, qual é a escola que vai frequentar, qual o ano e quais os contactos.

Num mundo ideal, num mundo perfeito e minimamente civilizado, todo o ser humano com crias em idade escolar saberia as regras e procuraria cumpri-las. Não são complicadas e são muito do senso comum. Há coisas demasiado óbvias para serem contestadas.

Mas não. Não. Claro que não. Claro que, perante tudo aquilo que é óbvio há quem ache que, só porque sim, tem todo o direito de reclamar ou fazer birra.

Dentro da minha cabeça dou respostas lindas às birras dos meus clientes... e não são tão... hum... floreadas como os exemplos em baixo...

Tenho de preencher isto? Não basta deixar a lista?
[Basta. Temos um sistema de identificação de impressões digitais e isso é o suficiente para depois a avisarmos de que a sua encomenda está pronta. Ah, e somos mestres em telepatia. Também não precisa deixar o contacto.]

Mas tenho de preencher? O ano passado não era nada assim.
[Pois, não devia ser. O ano passado foi quando partiu as mãozinhas, não foi? Não podia escrever, pois coitadinha...]

Ai tenho de trazer lista? Pensei que era só dar o nome da escola e o ano...
[Sim, e também vamos buscar as notas do seu filho e assinamos termos de responsabilidade para visitas de estudo e zelamos pelo bem estar da amante do seu marido. E até faríamos o jeito – porque somos uns gaj@s porreir@s - de verificar se as listas estão publicadas no site da escola se não soubéssemos já que a escola em questão ainda não actualizou as mesmas.
E se perante essa justificação ainda me olha com cara de tacho e quase a dizer que a culpa de todos os males do universo é minha tem sorte de não lhe sugerir que, já que a escola fica ali a dois passos, o melhor é pegar no rabo e ir cumprir o seu dever de educador]

Vocês têm as listas, não têm?
[Neste momento só mesmo a das compras que tenho de fazer no supermercado mas arranjo-lhe a dos prémios Nobel]

O que é isto do Estabelecimento de Ensino?
[Duh?!?!? Tanto que me apetece exclamar isto, bem alto, quando são as marmanjas das crias com Iphone e Ipod e Icarago com app para tudo e mais alguma coisa – menos para as coisas banais da vida - a perguntar-me isso. Andam aqueles pobres pais a gastar dinheiro em livros para quê?]



Isto já não vai lá com dicionários da Porto Editora. Vou ver se ainda se arranja o Dicionário da Academia das Ciências de Lisboa. 

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4 Responses to “O Livreiro como potencial homicida. . .”

  1. ui eu tb sou a pessoa ideal para falar dos encarregados de educação e da crise para cá ainda andam mais refinados, nunca sou ml educada mas não me comem e o pior é q estes estão a criar gerações mal preparadas para a vida e sem qq tipo de autonomia, princípios e objetivos,e nada os demove da sua forma de estar, chega a ser impressionante.

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    1. Não são todas mas, de facto, muitas pessoas acham que só tem direitos e que os deveres são só para os outros. E isso irrita. Tanto acham que só têm direitos que se demitem, como dizes, de transmitir valores e de, sobretudo, darem exemplos básicos do que é a relação com o outro ou de como estar em sociedade. E o pior é que isto é transversal a todas as camadas de sociedade e, se calhar, com mais requintes de malvadez entre os das classes mais altas.

      O que vale é que por cada besta que me aparece pela frente há sempre uma mãe tímida que vem pedir os livros pela primeira vez e que não sabe bem o que fazer mas que quer fazer bem.

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  2. Como te percebo bem!
    Haja paciência e respira fundo.
    Abraço

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    1. Que remédio. :) Não lhes podemos bater... mas apetece tanto. lol
      Abraço!

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